fonte: O Globo
Os símbolos da falência do Estado do Rio multiplicam-se em tal velocidade que é difícil apontar o mais humilhante deles. Poderia ser, por exemplo, a suspensão do fornecimento de refeições para idosos que vivem em um abrigo público, desde novembro passado.
Tal indignidade foi revertida (ao menos temporariamente) no último dia 19, após decisão judicial. Mais difíceis de reverter são os efeitos nocivos que a má administração peemedebista vem causando na Uerj, levando uma das universidades mais importantes do país à pior crise desde sua fundação, em 1950.
Primeiro foi o calote nos serviços terceirizados de limpeza e segurança, ainda em 2015, deixando o campus do Maracanã em situação precária e forçando alunos e professores a mutirões. Em 2016, a Uerj recebeu apenas 65% de seu orçamento previsto e tornou-se insolvente —hoje, acumula R$ 360 milhões em dívidas.
Os servidores não receberam o salário de dezembro nem o 13º, o bandejão foi fechado, as bolsas de R$ 400 para os 9.000 alunos de baixa renda foram cortadas. Os 65 programas de pesquisa sediados na instituição não viram nada dos R$ 32 milhões que deveriam ter sido repassados no último ano.
A Uerj é hoje uma universidade presa ao passado: além das dívidas a saldar, o segundo semestre letivo de 2016 não aconteceu, por conta da crise e de uma extensa greve. O reinício das aulas, que já foi adiado duas vezes, está previsto para o próximo dia 30, mas isso ainda não é certo. Quando 2017 começará para a universidade, ninguém sabe.
É impossível prever que atitude o governo Pezão irá tomar. Espera-se que leve em conta a mensagem que o reitor escreveu em carta pública: “Forçar o fechamento da Uerj é não pensar no futuro de nosso Estado e de nosso país. A Uerj e o Estado são perenes, os governantes, não.”